Em 1986, os Titãs lançavam "Cabeça Dinossauro", terceiro álbum da banda e o grande responsável por projetar o grupo cuspindo marimbondos em direção à política, à religião e à polícia. Pela eloquência, o disco foi o escolhido para dar o pontapé da comemoração dos 30 anos do grupo: um show com o repertório completo do álbum, que após passar por várias capitais brasileiras chega a Brasília no começo de junho. "Além da importância estética, há toda uma aura sociológica", conta Tony Bellotto ao Destak.
Ácido e com arranjos influenciados pelo punk, o álbum retratava a insatisfação com as instituições sociais - em tempos de fim do governo militar -, agravada pela prisão de Tony Bellotto e Arnaldo Antunes por porte de drogas. "O episódio foi fundamental para entrarmos naquele espírito de "f... tudo", revela o guitarrista Tony Bellotto.
Como foram os últimos 30 anos com os Titãs?Eu necessitaria de pelo menos 30 páginas pra responder a essa pergunta, mas posso resumir em duas palavras: muito divertidos.
Vocês já planejam um show com a participação dos ex-integrantes Charles Gavin, Nando Reis e Arnaldo Antunes. Como será isso?Glorioso, com toda a certeza. Um apanhado geral da carreira, convidados e ex-Titãs. Sempre fomos amigos e continuamos sendo. Seremos sempre. Afinal, um ex-Titã, ainda que ex, nunca deixa de ser um Titã. Vai ser o grande acontecimento.
O "Cabeça Dinossauro" é o álbum mais importante da carreira da banda?É, tenho de aceitar isso. Além da importância estética, há toda uma aura sociológica. O hino de uma geração, coisas desse tipo.
Com o passar dos anos e a experiência, a revolta contra a polícia, política e a igreja ainda persiste em você?Contra a política e a religião minha revolta só fez crescer. Não suporto políticos corruptos (sobrou algum?) nem a necessidade histérica dos religiosos de impor suas superstições retrógradas a todos. Com a polícia não tenho mais problemas, pois parei de usar drogas.
Como era o clima da banda quando vocês fizeram o "Cabeça Dinossauro"?Era bem louco, posso garantir isso. O episódio da minha prisão e do Arnaldo foi fundamental para entrarmos naquele espírito de "f... tudo".
Tweetar
Nenhum comentário:
Postar um comentário